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sábado, 6 de novembro de 2010

Vitrine

 Indo para o meu trabalho, calço minhas botas, visto meu uniforme, beijo minha esposa, (que casamos recentemente), sinal da cruz, agradecimento divino, mas um dia da batalha da vida deu um humilde operário.
            Traço meu destino em direção ao serviço, o sol ainda pensa em acordar, os pássaros cantam, poucos carros nas ruas da cidade calma, cumprimento o guarda da farmácia, desejo um bom dia ao verdureiro que logo solta um sorriso verdadeiro, tudo como todos os dias, passo em frente a muitas lojas no centro comercial da cidade, muitas vitrines, ofertas de produtos em lojas de roupas, sapatos e artesanatos, me deparo com um homem de terno e gravata, maleta preta, todo alinhado e bem passado, ele estava vidrado em uma vitrine, parei e reparei, o homem parecia preocupado, parecia que assistia algo ali, levava as mãos na cabeça, cobria com as mãos seu rosto, ameaçava ir embora e parava novamente, falava e exaltava palavras de negação, jogou a maleta no chão, parou e ficou quieto, só assistindo a vitrine, ficou sem ação.
            De longe assistia aquela cena, curioso fui chegando mais perto, cada vez mais esticando meu olhar para ver o que tem na vitrine, reparei que era uma loja nova, que ainda ontem não tinha, de longe consegui ver a vitrine, passava um filme, ai comecei a assistir também. No filme passava cenas bonitas, de família almoçando junto, a mesa farta, na ponta mesa estava o chefe da família, ao seu lado direito estava sua esposa, ao lado esquerdo estava seu filho homem, e ao lado da esposa, num cadeirão de criança, estava uma menininha pequena e muito bonita. Era um filme muito bonito e lindo, mostrava uma família feliz unida, com a mesa farta de alimento.
            Olho para aquele homem que se ajoelhou diante da vitrine, chorando como uma criança, exaltando palavras de negação e insultos próprios. Levantou pegou sua maleta que estava no chão, jogou-a longe e saiu correndo chorando.
 Sem entender nada, fiquei observando aquele homem no auge de sua insanidade. Não entendi o que aconteceu, ele assistia à mesma vitrine que eu, e estava passando um lindo filme feliz. Cheguei mais perto da vitrine, olhei o nome da loja “A cigana”, no rodapé da vitrine estava escrito “veja seu futuro”.

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